Allotments – hortas comunitárias em Londres

O que é um “allotment”? São terrenos divididos em lotes, alugados para o plantio .

Alguns anos atrás meu marido começou com a idéia de ter um “allotment”. Como não temos jardim, seria um lugar pra relaxar, aproveitar os dias ensolarados da primavera e verão londrinos (sim, aqui também faz sol de vez em quando) e plantar verduras, legumes e frutas.

Golders Green Allotment

Como surgiram?

Esses loteamentos existem há centenas de anos.

Mas foi no século XIX, por causa da rápida industrialização da Grã-Bretanha, que terras foram distribuídas entre a população mais pobre para que plantassem seus próprios alimentos.

Murray School Rugby WWI allotment, 1917

 Em 1908 foi criada uma lei para que as autoridades locais providenciassem as terras de acordo com a demanda. Mas foi só após o fim da Primeira Guerra Mundial que os terrenos foram disponibilizados para toda a população, como uma forma de ajudar os soldados que voltavam das batalhas.

Quanto mais rústico, mais charme tem um “allotment”.

Existem aproximadamente 330.000 “allotments” no Reino Unido, mas cada vez mais gente quer plantar seu próprio alimento e atualmente estima-se que mais de 90.000 “jardineiros” estejam na lista de espera de um lote. Como o aluguel é vitalício, para se conseguir um é difícil pois muito pouca gente desiste.

Garrafas plásticas cortadas protegem as mudas – e eu lá no fundo limpando as folhas do outono!

Como funciona?

Os “allotments” em Londres são geralmente coordenados pelos Councils, associações que representam os Boroughs que são como regiões administrativas compostas por vários bairros;

Nós ficamos 3 anos esperando na fila. Tivemos sorte. Em 2014, quando o Golders Green Allotment Association arrendou o terreno do Borough of Barnet, conseguimos o nosso primeiro pedacinho de terra.

Mapa do allotment onde temos nosso terreno. O quadradinho azul no canto esquerdo foi nossso primeiro lote e o atual é logo em frente onde está o nome do marido.

Era um lote grande, cujo dono havia falecido e sua esposa não estava dando conta. Ele foi dividido em 3 pequenos lotes.

O terreno antes de ser dividido e limpo.

Nossa “tela em branco”: excelente para principiantes!

Tomando forma. No fundo a shed, uma casinha para armazenar ferramentas e se abrigar da chuva, que nós mesmos pintamos e montamos.

Ficamos ali até abril de 2016, quando mudamos para um terreno maior, em frente, que foi entregue pelo antigo dono – um dos raros casos de desistência – no final de 2014 e que meu marido já havia começado a limpar desde julho de 2015 pois estava tomado por mato e ervas daninhas.

Dá muito trabalho, mas também muito prazer. Além de ser mais barato do que frequentar academia (acredite, é uma excelente maneira de se manter saudável e em forma).

Os barris são para colocar lixo orgânico (restos de comida) que vira adubo. A parte coberta foi a que meu marido limpou e cobriu para proteger e esperar a época de começar a plantar.

Plantamos para consumo próprio e não com fins lucrativos. E sempre trocamos produtos com os vizinhos.

A primeira abobrinha a gente nunca esquece.

Minha sogra cheia de orgulho do morango!

E como meu marido adora cozinhar, fica ainda mais gostoso quando usamos alimentos produzidos por nós! E tudo orgânico!

“Harvest of the day”

Geralmente plantamos a partir de abril para colher entre junho e outubro. Mas algumas coisas, como cebola e alho, podem ser plantadas no inverno.

E muitas outras minha sogra planta as mudas na casa dela a partir de janeiro para depois colocarmos no solo, que meu marido prepara.

Mudas esperando para serem plantadas.

Eu fico só observando e dando apoio moral. Brincadeira, cato as ervas daninhas e cuido da organização da “shed”, a casinha onde guardamos as ferramentas e nos abrigamos da chuva e ainda ajudo a escavar e preparar o terreno.

“Weeds”

“English Summer”

A mais nova aquisição: uma “green house (estufa) para poder plantar o ano todo!

Muito trabalho pela frente…

Diferente do primeiro terreno, que parecia uma tela em branco, o atual estava abandonado, cheio de lixo e muito mato! Como é maior (quase o dobro do tamanho), e nós ficamos com os dois por 6 meses, só deu pra limpar metade.

Já temos várias coisas plantadas. A trelissa é para as leguminosas que sobem feito trepadeira.

Agora temos que limpar a outra metade do terreno, arrumar a “shed” – a nossa novinha deixamos para a senhora que ficou com o terreno antigo e herdamos uma velhinha, mas bem maior e fazer um pátio bacana pra descansar e curtir um solzinho no verão.

Vista de dentro da “shed” – a parte do terreno que ainda não foi limpa.

É tudo muito rústico, não tem gás nem eletricidade, só água (mesmo assim somente de abril até o final de novembro). Porém fica dentro da cidade e há 10 minutos de carro da nossa casa!

Fogãozinho de gás enlatado perfeito pra ferver a água do chá!

O aluguel é anual e custa cerca de £120 libras, incluindo a taxa de água.

Se  quiser saber mais sobre o nosso “allotment”, deixe um comentário.

E me segue no Instagram @tinawells1963 pois estarei sempre mostrando quando estiver por lá.

• Veja o post sobre como vivem os londrinos

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