Londres – o melhor lugar do mundo é aqui e agora!

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22 de março de 2017

Um carro desgovernado atropela várias pessoas na ponte de Westminster, um dos lugares mais visitados de Londres, que liga o Big Ben e as Casas do Parlamento ao London Eye, dois dos principais ícones  da cidade.

big-ben-and-westminster-bridge-seagull

Muitos feridos, alguns gravemente, e outros mortos, incluindo o agressor e um policial inglês, do tipo que a gente sempre ouve falar, que tem fama de ser simpático e  de não carregar armas!

downing-street-policeman
Policial em frente à casa da Primeira Ministra, Downing Street – foto gentilmente cedida pelos meus queridos clientes Sandra e Eduardo.

E a comoção é geral!

Dias depois, esperando os ânimos se acalmarem, resolvi publicar a minha opinião sobre essa comoção contando um pouco do que já passei aqui por causa de terrorismo. Não quero que ninguém se sinta ofendido, é somente o que eu penso e quero afirmar que respeito a maneira de pensar de todo mundo!

Moro em Londres há 25 anos. Quando cheguei aqui era a época do IRA (Exército Republicano Irlandês). Lembro de ter ficado presa no metrô por alguns minutos (que pareceram horas para uma pessoa super claustrofóbica) por segurança anti-terrorismo.

Não existia uma lata de lixo sequer nas ruas porque era o local preferido para os terroristas colocarem suas bombas.

Teve uma vez que levei um tempão pra chegar no trabalho pois houve uma ameaça de bomba em Camden Town, onde fica o escritório de jornalismo da Globo (já falei aqui que vim pra Londres pra trabalhar como editora de imagens).

E, em julho de 2005, um dia depois de ter trabalhado na cobertura do anúncio e festejado a escolha da cidade que ganhou meu coração para sediar as Olimpíadas de 2012, me vi no metrô, pouco depois das bombas simultâneas terem explodido.

Eu uso a Jubilee Line, que passa por Westminster, onde fica o Parlamento Britânico. Eu ia descer em Bond Street (2 estações antes) e trocar para a Central Line, em direção a Tottenham Court Road. Mas logo começaram a anunciar que o trem não iria parar em Westminster. E quando chegou em Baker Street, uma estação antes da que eu iria descer, mandaram que todos saíssemos, não só do trem, mas da estação.

Baker Street underground station

Cheguei a perguntar  o que estava acontecendo a um atendente do metrô na plataforma. E ele brincou “deve ser bomba!”, mas sorrindo. Nem ele, nem eu e nem ninguém, sabíamos ainda o que realmente tinha acontecido.

Quando cheguei na rua, fiquei tonta com a quantidade de gente. Liguei para o escritório da TV francesa TF1, onde eu iria trabalhar naquele dia, e a secretária me disse que havia ocorrido uma explosão de gás no metrô.

Procurei um ponto de ônibus, todos cheios. Táxi nem pensar. Resolvi caminhar até o trabalho, depois de ter me localizado em meio à multidão. E, somente quando cheguei, fiquei sabendo o que tinha acontecido.

Mesmo com a diferença de 4 horas de fuso com o Brasil, liguei para o meu pai e o acordei só para dizer que eu estava bem, antes que ele visse o noticiário na TV.

De 1992, quando cheguei aqui, até hoje os ataques diminuíram muito!

Voltando ao dia 22 de março, eu estava dormindo de tarde com meus gatos quando meu telefone começou, literalmente, a dançar na cama  – eu tiro os sons das notificações, mas mantenho o “vibrador”! Levei um susto! Eram pessoas, muitas que nunca havia visto na vida e somente mantenho uma relação online, me perguntando se eu estava bem!

Ignorance is bliss!

Desde 2014, quando “me aposentei”, me dei de presente a alienação e não vejo noticiário na TV – um vício na época em que trabalhava com jornalismo – e nem leio jornal, que nunca gostei pois suja a mão! Mas fui dar uma checada no que estava acontecendo.

Me chamem de fria e calculista, mas eu não senti realmente nada a não ser irritação por essa comoção enorme vindo de gente que sequer conhece as vítimas!

Acho que o mundo cibernético aproxima as pessoas de tal forma que muitas se sentem fazendo parte das vidas das outras! Não que isso seja ruim, pelo contrário. Mas acho que a solidão da Internet acaba tendo um efeito exagerado nas reações a fatos que, em outras épocas, muita gente sequer iria ficar sabendo.

Na minha opinião, um incidente como este não deveria ter nenhuma divulgação pois isso só faz com que os malucos de plantão sejam instigados a cometer mais maluquices!

Rezo e sinto pelas vítimas e suas famílias! Mas não vou fazer vigília e nem ficar dizendo “poderia ter sido comigo” já que passo pela ponte inúmeras vezes, principalmente levando clientes pra passear!

E nem vou mer marcar “safe” no Facebook! Quem quis saber de mim, mandou mensagem e eu respondi com o mesmo carinho que me foi dado.

Mas, diferente de 2005, não senti necessidade de avisar ninguém pois, mesmo antes de saber o que estava acontecendo, já havia sido bombardeada com mensagens!

Parei e pensei, a gente tem que dar um tempo! Isso não pode fazer bem!

O mundo não está pior e nem mais violento – é só pegar um livro de história ou checar o link que pus acima.

Mas as pessoas estão ficando cada vez mais neuróticas porque alguém solta um pum, todo mundo fica sabendo! Todo mundo é repórter, filma e posta, faz ao vivo, sem, muitas vezes, checar as informações!

Menos, gente, menos!

Vamos viver o aqui e o agora! Vamos nos preocupar em ajudar quem está próximo e quem nos pede ajuda! E vamos olhar o mundo sem medo porque a gente só sente medo do que não conhece!

Então viaje, conheça o mundo, conheça as pessoas em carne e osso e seja feliz!

Westminster Bridge shadows
Uma foto pra mostrar que a ponte de Westminster também é divertida!

E pra não perder o costume…vem passear comigo em Londres!

Passeios guiados com guia brasileira e roteiros personalizados com apoio local de quem mora em Londres há mais de 20 anos!

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